O autor mostra neste ensaio quais são suas afinidades com a obra de Gérard Lebrun - obra animada por uma interrogação propriamente filosófica sobre a "ilusão como destino do pensamento" - e quais os aspectos em que dela se distancia: o "ponto de controvérsia" pode ser percebido na leitura distinta que ambos fazem da filosofia de Wittgenstein de Merleau-Ponty.

Resumo: Ao cruzar as trajetórias de Bento Prado Jr. e Gilles Deleuze, no tocante a Bergson, revelam-se coincidências inesperadas, entre as quais a dívida comum para com Sartre.: Unexpected coincidences are revealed when considering Bento Prado Jr. and Gilles Deleuze’s readings of Bergson, especially if one considers their common debt to Sartre.

O tema é programa de reavaliação filosófica da retórica da economia proposta por McCloskey. Bento Prado (I e II) argumenta que uma teoria da retórica para a qual “vale tudo” não deveria ser inferida da justa crítica que McCloskey endereça ao positivismo. Em III (M. Julian Cass) são discutidas algumas aporias filosóficas presentes nos textos de McCloskey.

resumo Este trabalho visa mostrar que as Vermischte Bemerkungen não ocupam lugar marginal na obra de Wittgenstein. Pelo contrário, constituiriam, com as reflexões sobre cultura, arte e religião, uma chave essencial para a compreensão do núcleo lógico ou gramatical dessa filosofia. Para além das notórias transformações ou diferentes fases da ou na concepção da linguagem, poderiam também dar a ver algo como uma profunda continuidade do pensamento ou da obra de Wittgenstein. O caráter essencialmente indireto da linguagem e do trabalho (...) da filosofia, entre a prosa e a poesia, estaria no coração do pensamento de Wittgenstein ao longo de toda sua obra e seria indispensável mesmo para a compreensão das transformações por que foi obrigado a passar ao longo das décadas. palavras-chave linguagem – arte – religião - expressão. (shrink)

A close examina t ion of Sartre's discussion of the limits of the self in Being and Nothingness may shed light on his ideas on the nature of Metaphysics, O ntology and Phenomenology. Some implicatio ns of his discussion are presented, centered on his de f e nse of the irre ducibility of the phe nome non of being to the being of the phenomenon when dealing with the passage from phenomenology to ontology, which culminates in his phe nomenological ontology (...) the telos of Being and Nothingness. T he passage to me t a p hy s ics can be fruitfully cont rasted with Bergson's enterprise, because for Sartre metaphysics has a regulative rather than a constitutive function. (shrink)

This paper is a commentary of David -Ménard’s Répétition et invention en Deleuze et Freud.

Parece haver quase um consenso, entre os comentadores, em torno da tese segundo a qual o “primeiro Wittgenstein” nada veria de problemático na ideia de um infinito atual, ao contrário do que claramente ocorre com o “segundo Wittgenstein”. O que eu gostaria de fazer aqui não é tentar reverter esse veredicto, mas sugerir que o exame das provas que o sustentam merece ser refeito. Para tanto, começarei por tentar mostrar como a letra dos aforismos 5.526 e 5.5262 parece levantar uma (...) dificuldade para a tese consensual. Em seguida, procurarei encontrar, sob a letra, o espírito dessa dificuldade, isto é, buscarei nos princípios mais básicos do Tractatus as razões que subjazem às afirmações desses aforismos. Para finalizar, após fazer um balanço desse exame no que diz respeito à tese consensual, procurarei mostrar como ele aponta para a relevância da notação para o infinito, que João Vergílio Cuter prescreve para o Tractatus. (shrink)

São variadas as interpretações da crítica berkeleyana às idéias abstratas, mas elas costumam concordar na tese de que essa crítica gira em torno da natureza das “idéias”. Isto é, se “idéia” for o mesmo que “imagem”, então a abstração lockeana é impossível, caso contrário, não. Neste artigo eu procuro mostrar que essa crítica não depende de idéia ser ou não uma imagem e que Locke está parcialmente consciente do problema levantado por Berkeley. Locke's general triangle and Berkeley's partial considerationThere are (...) many different interpretations of Berkeley's attack on abstract ideas, but they usually agree in sustaining that this attack depends on the nature of "ideas". That is, if "idea" is the same as "image", then lockean abstraction is impossible, but otherwise not. In this paper I show that this attack on abstract ideas does not depend on the issue concerning the nature of idea as image, and that Locke is partially aware of the problem raised by Berkeley. (shrink)

Trois dates ponctuent le présent volume, composé d'un ensemble d'inédits, d'un dossier, d'études et de lectures critiques, et donnent ainsi à Bergson sa place dans le XXe siècle philosophique. 1902, il y a cent ans exactement : c'est la date du cours inédit au Collège de France dont on lira ici les premières leçons et qui prépare L'introduction à la métaphysique publiée l'année suivante. Dans ce cours intégralement sténographié pour Péguy, on entend Bergson exposer comment le réel se donne et (...) se retire immédiatement à nous, se donne dans un contact absolu, sympathie ou intuition, se retire pour les besoins de l'action et par la force des signes, et doit être reconquis par la métaphysique, dès lors introduite avec sa différence dans le jeu philosophique du siècle. L dossier présenté ici porte ensuite sur Les Deux Sources de la morale et de la religion, publiées trente ans plus tard, en 1932. Il témoigne d'un impressionnant renouveau d'intérêt pour cet ouvrage trop vite et trop exclusivement situé dans l'itinéraire spirituel de son auteur, les querelles religieuses de son époque, les enjeux immédiats des années 1930. Tous ces enjeux sont aussi présents ici, à travers un inédit de Bergson et des articles de chercheurs français et étrangers, mais à travers aussi des perspectives anthropologiques, sociologiques, philosophiques, entièrement nouvelles. 1960 enfin : telle est la date du cours inédit de Victor Goldschsnidt, plus connu comme lecteur de Platon, des stoïciens ou de Rousseau, que nous présentons ici, qui porte sur le premier chapitre de Matière et mémoire et la notion de "champ transcendantal", et qui introduit aussi au dossier sur le livre que ce cours a inspiré en 1964 au philosophe brésilien Bento Prado Jr, récemment traduit. Cet ensemble conduit à réévaluer entièrement la place de Bergson dans le moment philosophique des années 1960 : elle est centrale, aussi bien en elle-même qu'à travers Merleau-Ponty ou Deleuze. Aujourd'hui enfin, à travers les études générales également rassemblées, et l'ensemble de ce volume qui en appelle d'autres, nous pouvons réaccéder à Bergson à la fois pour lui-même, dans le débat avec les moments principaux du siècle, et pour aller plus loin. (shrink)

O artigo homenageia a obra de Bento Prado Jr, enfatizando a originalidade e o aspecto crítico de sua postura filosófica. Neste sentido, ele analisa a força do conceito de “Presença” – eixo central da tese de doutoramento do autor, publicada sob o título Presença e campo transcendental –, capaz de desenhar de maneira inédita um ponto de convergência entre as filosofias de Bergson, Sartre e Merleau-Ponty.

Em O ser e o nada, para que haja o fenômeno, é preciso o concurso de um ser que seja suaprópria descompressão de ser, um ser que, sendo seu próprio nada, faça com que o mundo sefenomenalize enquanto assombrado (hanté) por este nada, em direção a uma totalização que nuncapode se totalizar, pois o fechamento em uma totalidade compacta seria anular a descompressão de serque é abertura do próprio fenômeno enquanto fenômeno. Este movimento de totalização que nunca sepreenche caracteriza a (...) ipseidade do para-si. O fenômeno, quer o consideremos da perspectiva ôntica doque nos aparece no mundo cotidiano ou da perspectiva ontológica dos modos de ser implicados no queaparece, pressupõe a estrutura ontológica da ipseidade. Além disso, a questão do fenômeno em O ser eo nada não se resume a uma questão ontológica, pois, ao interrogar à gênese do fenômeno, Sartrecircunscreve o problema em uma metafísica que indaga sobre o que teria ocorrido para que o em-si,antes do surgimento da realidade-humana, se descomprimisse para tornar-se para-si. A concepção defenômeno como tendo origem no próprio modo de ser do para-si como ipseidade e a passagem entre aontologia e a metafísica marcam a originalidade do modo como Sartre assimila a fenomenologia em Oser e o nada. Com esta leitura, apoiada em Flajoliet e Bento Prado Jr, reforçamos as linhasinterpretativas que exigem o estudo da obra de Sartre em toda sua variedade de expressões, pois estavariedade não está circunscrita apenas na relação entre filosofia e ficção, visto que na própria obrafilosófica de Sartre há “modalidades” distintas de expressões filosóficas como a ontologiafenomenológica e a metafísica que, ao serem atravessadas, tornam mais profunda a compreensão daipseidade. (shrink)

Bento Prado Júnior (1937-2007) foi um dos mais importantes nomes da filosofia feita no Brasil. AUtor de poucos livros mas de vasta produção ensaística, desenvolveu uma ampla reflexão sobre a figura contemporânea do sujeito, e sua originalidade sempre foi reconhecida por seus pares. EM seus últimos anos, o filósofo se dedicava à elaboração de uma trilogia da qual este livro seria o primeiro volume. ELa versaria sobre as relações entre teoria do sujeito (Ipseitas), teoria da ação (Actio) e (...) teoria estética (Contemplatio). INfelizmente, apenas o primeiro volume foi deixado em estado de manuscrito, não havendo indicações sobre os demais. O Leitor verá neste livro incompleto, editado e organizado por Vladimir Safatle, o movimento vivo de uma experiência de pensamento em plena operação. TOda sua escrita é marcada pela emergência de articulações surpreendentes e problemas transversais que indicam uma capacidade incomum de reconstruir questões e tensionar nossos conceitos hegemônicos de razão. PRova maior da maturidade da filosofia feita entre nós. (shrink)

A circunscrição do tema do circuito da ipseidade em O Ser e o Nada pode esclarecer as inovações sartre a nas em relação ao estatuto da Metafísica, da Ontologia e da Fenomenologia. Apresentamos aqui algumas direções dessa tarefa assumida por Sartre, ao tratar da passagem da fenomenologia à ontologia, sobre tudo sua defesa da irredutibilidade do fenômeno do ser ao ser do fenômeno, que culmina na ontologia fenomenológica e que é o télos de O Ser e o Nada. A passagem (...) à metafísica pode ser bem delineada através da contraposição com a empresa bergsoniana, já que a metafísica aparece na reflexão de Sartre com uma função puramente reguladora, jamais constitutiva. (shrink)

Este trabalho visa mostrar que as Vermischte Bemerkungen não ocupam lugar marginal na obra de Wittgenstein. Pelo contrário, constituiriam, com as reflexões sobre cultura, arte e religião, uma chave essencial para a compreensão do núcleo lógico ou gramatical dessa filosofia. Para além das notórias transformações ou diferentes fases da ou na concepção da linguagem, poderiam também dar a ver algo como uma profunda continuidade do pensamento ou da obra de Wittgenstein. O caráter essencialmente indireto da linguagem e do trabalho da (...) filosofia, entre a prosae a poesia, estaria no coração do pensamento de Wittgenstein ao longo de toda sua obra e seria indispensável mesmo para a compreensão das transformações por que foi obrigado a passar ao longo das décadas. (shrink)

After the works of Jaako Hintikka, David Stern and, more recently, Denis Perrin, the idea that there is a wittgensteinian reflection upon the time and that it is at the origin of the abandonment of the project of a phenomenological language is nothing surprising, but we cannot consider it established yet. It seems to me that an important element in this debate is in chapter VII of the Philosophical Remarks : indeed, we find there the very first sustained discussion on (...) the possibility of a phenomenological language —a discussion obviously centred on the question of time. Without aiming to propose an “alternative” reading of Wittgenstein’ reflections on time and the phenomenological language, I would like to bring to light the importance of this chapter for this problem and also try to show that the interpretation key must be looked for in a reductio ad absurdum whose base is the impossibility to measure time. (shrink)

São variadas as interpretações da crítica berkeleyana às idéias abstratas, mas elas costumam concordar na tese de que essa crítica gira em torno da natureza das “idéias”. Isto é, se “idéia” for o mesmo que “imagem”, então a abstração lockeana é impossível, caso contrário, não. Neste artigo eu procuro mostrar que essa crítica não depende de idéia ser ou não uma imagem e que Locke está parcialmente consciente do problema levantado por Berkeley. Locke's general triangle and Berkeley's partial consideration Abstract (...) There are many different interpretations of Berkeley's attack on abstract ideas, but they usually agree in sustaining that this attack depends on the nature of "ideas". That is, if "idea" is the same as "image", then lockean abstraction is impossible, but otherwise not. In this paper I show that this attack on abstract ideas does not depend on the issue concerning the nature of idea as image, and that Locke is partially aware of the problem raised by Berkeley. (shrink)

Les Remarques philosophiques sont la première tentative de mettre en oeuvre le programme qui découle de l’échec du projet du Tractatus Logico-Philosophicus. Le noyau de ce programme est donné par l’abandon de l’analyse des nombres avancée dans le Tractatus. Wittgenstein se rend compte que les nombres doivent se trouver à la base même du langage, dans la structure des propositions élémentaires. En même temps, il se rend compte qu’il est impossible de fournir la logique sousjacente au langage avant d’avoir procédé (...) à l’analyse. Le projet d’une investigation logique des phénomènes s’imposait, donc, même après l’abandon de l’idée d’un langage phénoménologique. The Philosophical Remarks is a first attempt at pursuing the philosophical agenda determined by the failure of the Tractarian project. The central point of this agenda is the abandonment of the analysis of number that had been given in the Tractatus. Wittgenstein realizes that numbers should be brought back to the basis of language, as part of the structure of the elementary propositions themselves. At the same time, he realizes that it is impossible to give the logic underlying our language before the process of logical analysis is carried out. He undertakes the project of a logical investigation of phenomena even after giving up the idea of a phenomenological language. (shrink)

A key work on the nature and role of the subject by one of Brazil's most important philosophers.

Dans cet article, j’essaie de montrer que l’idée du langage comme calcul structure la philosophie de Wittgenstein dans le Big Typescript. Pour ce faire, je commence par mettre en relief les différences entre la conception du langage comme calcul dans le Tractatus, et sa reformulation dans le Big Typescript ; j’explique ensuite comment l’idée de l’autonomie de la grammaire est à la base de la conception de la « grammaire » ou du langage comme calcul. J’espère pouvoir montrer ainsi l’unité (...) de la philosophie de Wittgenstein aux alentours de 1932-1933. Il doit en ressortir que sa philosophie à l’époque du Big Typescript présente un intérêt en elle-même, quoiqu’il ne s’agisse pas encore de la philosophie des Recherches philosophiques.I aim at showing that the idea of language as a calculus is the central view that shapes Wittgenstein’s philosophy in the Big Typescript. In order to do so, I first contrast the conception of language as a calculus in the Tractatus with its reformulation in the BigTypescript ; then I explain how the idea of the autonomy of grammar grounds the conception of “grammar” or language as calculus. With this on hand, I give an overview of the unity of Wittgenstein’s philosophy around 1932-1933. It should become clear that his philosophy at the time is worth arguing for, even though it is not yet the philosophy of the PhilosophicalInvestigations. (shrink)

Les Remarques philosophiques sont la première tentative de mettre en oeuvre le programme qui découle de l’échec du projet du Tractatus Logico-Philosophicus. Le noyau de ce programme est donné par l’abandon de l’analyse des nombres avancée dans le Tractatus. Wittgenstein se rend compte que les nombres doivent se trouver à la base même du langage, dans la structure des propositions élémentaires. En même temps, il se rend compte qu’il est impossible de fournir la logique sousjacente au langage avant d’avoir procédé (...) à l’analyse. Le projet d’une investigation logique des phénomènes s’imposait, donc, même après l’abandon de l’idée d’un langage phénoménologique. The Philosophical Remarks is a first attempt at pursuing the philosophical agenda determined by the failure of the Tractarian project. The central point of this agenda is the abandonment of the analysis of number that had been given in the Tractatus. Wittgenstein realizes that numbers should be brought back to the basis of language, as part of the structure of the elementary propositions themselves. At the same time, he realizes that it is impossible to give the logic underlying our language before the process of logical analysis is carried out. He undertakes the project of a logical investigation of phenomena even after giving up the idea of a phenomenological language. (shrink)

After the works of Jaako Hintikka, David Stern and, more recently, Denis Perrin, the idea that there is a wittgensteinian reflection upon the time and that it is at the origin of the abandonment of the project of a phenomenological language is nothing surprising, but we cannot consider it established yet. It seems to me that an important element in this debate is in chapter VII of the Philosophical Remarks : indeed, we find there the very first sustained discussion on (...) the possibility of a phenomenological language —a discussion obviously centred on the question of time. Without aiming to propose an “alternative” reading of Wittgenstein’ reflections on time and the phenomenological language, I would like to bring to light the importance of this chapter for this problem and also try to show that the interpretation key must be looked for in a reductio ad absurdum whose base is the impossibility to measure time. (shrink)

Alianças seminais: Merleau-Ponty e Bento Prado Júnior.

RESUMOBento Prado de Almeida Ferraz Neto, em seu livro de 2003, oferece uma análise detida do §67 das Observações Filosóficas de Wittgenstein e mostra como este parágrafo se encontra diretamente relacionado ao abandono do projeto de construção de uma linguagem fenomenológica, em 1929, por razões relacionadas ao tempo. O objetivo deste artigo é traçar paralelos entre a análise de Ferraz Neto do §67 e um argumento utilizado por Bertrand Russell em 1901, para mostrar a impossibilidade da construção de uma (...) série temporal a partir das qualidades (como prazer e dor). A importância do §67 reside no fato de ser o principal trecho no qual Wittgenstein expressa a impossibilidade temporal da linguagem fenomenológica. Ferraz Neto é o único comentador que de forma detida analisa este parágrafo e, a partir dele, oferece uma interpretação para a impossibilidade da linguagem fenomenológica. Meu objetivo principal é mostrar que a argumentação de Russell em 1901 antecipa alguns elementos presentes no §67, de acordo com a intepretação de Ferraz Neto. Isso nos permitirá um novo viés interpretativo para a afirmação de Wittgenstein de que o que compreendemos pela palavra “linguagem” flui no tempo homogêneo da física. Na perspectiva de Russell, essa afirmação equivaleria à constatação de que uma série temporal independente dasqualidades seria um requisito da forma lógica das proposições temporais. Isso, por sua vez, possibilitará conectar as análises fenomenológicas de Wittgenstein de 1929 com o debate acerca da contraposição entre as concepções relacional e absoluta da estrutura temporal da linguagem.Palavras-Chave: linguagem fenomenológica, tempo da memória, tempo físico, tempo relacional, tempo absoluto.ABSTRACTBento Prado de Almeida Ferraz Neto, in his book from 2003, offers a detailed analysis of the paragraph 67 from Wittgenstein’s Philosophical Remarks and shows how Wittgenstein’s abandonment of the phenomenal language project in 1929 is direct related to time. This paper aims to contrast his analysis of the paragraph 67 with anargument used by Bertrand Russell in 1901, used to demonstrate the impossibility of a temporal series constructed from the temporal relations of qualities (such as pleasure and pain). My main point is to show that Russell’s argument in 1901 anticipates some elements present in §67, according to Ferraz Neto’s interpretation. This allowsus a new perspective for Wittgenstein’s idea from 1929 that what we understand by the word “language” flows in the physical homogeneous time. In Russell’s perspective from 1901, this assertion would amount to the idea that a temporal series independent of qualities would be a requirement of the logical form of temporal propositions. This, in turn, would allow us to connect Wittgenstein’s phenomenological analyses from 1929 with the dispute between the relational and absolute concepts of the temporal structure of language.Keywords: phenomenological language, memory time, physical time, relational time, absolute time. (shrink)